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Eventos para residentes: o que a sociedade pode considerar?

Por:

Bruno Aires

- 18/09/2023

Em processo de especialização, os residentes encontram nas sociedades médicas um importante suporte para a sua formação. Conversamos com a Sboc e com a SBU para entender o que as sociedades podem considerar em eventos voltados para esse público

Eventos e congressos trazem diversas oportunidades para os médicos. Eles podem se atualizar com as novidades da sua área e expandir sua rede de contatos (o chamado networking). Para quem está começando na profissão, como recém-formados e residentes, os eventos podem ser muito importantes. Pensando nisso, as sociedades hoje investem cada vez mais em ações voltadas especificamente para o residente.

“A residência é um período crítico e peculiar na carreira do médico, quando ele é apresentado a uma nova especialidade, com desafios, obstáculos, dúvidas e angústias típicas do início de carreira, somados a uma carga muito elevada de trabalho e com grandes responsabilidades. Diante desse contexto, é de se esperar um grande interesse do residente por atividades educacionais que supram suas múltiplas demandas”, avalia o oncologista Alexandre Jácome, membro do Comitê de Tumores Gastrointestinais Baixos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc).

Segundo ele, é fundamental que as sociedades pensem em ações específicas para os residentes, elaborando atividades que, de fato, possam auxiliá-los no seu crescimento profissional. “É importante promover discussões sobre caminhos profissionais, gerenciamento de carreira, habilidades de comunicação e de liderança, uso de mídias sociais e relacionamento com fontes pagadoras. Esses são temas atemporais e que interessam enormemente aos residentes”, afirma.

Facilitando o acesso

Ao se pensar em eventos e cursos voltados para residentes, sejam eles virtuais ou híbridos, Jácome enfatiza que é fundamental a sociedade usar as plataformas de transmissão on-line para atrair mais participantes. Além disso, o custo para participar dessas iniciativas precisa ser definido com critério. “O custo será crucial para garantir a adesão do residente. Pela fase da carreira em que ele se encontra, a sociedade não pode gerar custos para ele, mas, sim, facilitar o seu acesso. Cursos exclusivamente on-line, por exemplo, têm custo menor”, destaca o representante da Sboc

Ações da Sboc voltadas para o residente
·       Gincana Nacional para Médicos Residentes em Oncologia (anual): tem o objetivo de estimular o conhecimento técnico na especialidade. Premia os melhores colocados com inscrições em congressos.
·       Comitê de Jovens Oncologistas: em que jovens médicos podem ajudar na concepção de projetos que atendam melhor as demandas dos profissionais em início de carreira.
·       Programas de capacitação e cursos de revisão: realizados em eventos presenciais e no formato on-line, como lives e webinars.

Para a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), facilitar o acesso do residente aos eventos também é essencial. Segundo o presidente da sociedade, Alfredo Canalini, há algumas maneiras para fazer isso, de acordo com o formato do evento. Ele destaca duas ações realizadas pela SBU voltadas para o residente: o Target, evento focado na educação continuada, e o Fórum de Residentes, promovido dentro do Congresso Brasileiro de Urologia.

“Para facilitar o acesso ao Target, pensamos bastante em qual seria o melhor horário, porque residente trabalha muito. Naquele afã de aprender, ele sempre tem obrigações a fazer. Então, escolhemos o final da manhã de sábado. Esse é um evento mensal, com inscrição gratuita, transmitido no nosso portal. O residente que não tem oportunidade de assistir em tempo real pode vê-lo depois na nossa plataforma”, conta

O que é o Target?
É um evento de formação continuada realizado pela SBU, em que são abordados assuntos da Urologia, como câncer de próstata, incontinência urinária ou litíase renal. Os residentes, além de espectadores, são coparticipantes. Um especialista faz uma palestra sobre o tema do encontro e, em seguida, um residente apresenta um caso clínico do serviço em que trabalha. Depois, há uma discussão sobre o caso clínico.
“A preocupação é que essa aula siga as orientações didáticas que seguimos para elaborar a prova para obtenção do título de especialista. Esse momento de educação continuada é muito importante para o residente, porque faz uma interação com os urologistas de outros serviços. Esse é o objetivo do Target”, explica Canalini.
Suporte à carreira

Outra ação que a SBU realiza para o residente é o Fórum de Residentes, dentro da programação do Congresso Brasileiro de Urologia. Esse ano, o evento acontece entre 18 e 21 de novembro, em Salvador (BA). Segundo o presidente da sociedade, o acesso do residente é facilitado com uma inscrição diferenciada no congresso, sendo mais barata que a do membro titular ou efetivo adimplente.

“No Fórum de Residentes, discutimos vários aspectos do processo de formação do especialista, inclusive os desafios que ele enfrentará depois de se formar. Porque a sociedade não tem só que oferecer conteúdo técnico. Ela precisa também dar suporte para a carreira do residente. O próximo fórum abordará temas ligados ao mercado, como aspectos ligados ao SUS e à saúde suplementar, questões ligadas à montagem de consultório, Telemedicina, novos modelos de remuneração, inteligência artificial invadindo a Medicina e publicidade médica na era das redes sociais”, ressalta Canalini.